Marcia de Moraes

por Mario Gioia

Massa pictórica de intenso colorido e em grande escala, feita apenas com grafite e lápis de cor, os desenhos de Marcia de Moraes constroem um universo estranho sobre as paredes de uma sala do Maria Antonia, como que contaminar de modo vigorosamente orgânico a placidez do cubo branco expositivo. Ao fazer os desenhos, a artista estende sobre o chão um pedaço de um volumoso rolo de papel e começa a criar seu almágama de formas não regulares – bordas, gotas, casulos, líquidos, estalactites, escamas, etre diversas outras figuras que se relacionam com o mundo real.

No entando, tal concretude, vista à maneira de paisagens como aquelas dos artistas-viajantes – que optavam pela horizontalidade para exibir seu deslumbre frente a uma desafiadora vegetação e à amplitude do mar ou para registrar uma nascente urbanização – parece ajudar a organizar a inquietude do universo subjetivo de Marcia, mas ao mesmo tempo com liberdade, favorecida pelos grandes formatos.

E, mesmo sendo fisicamente intensas, as peças não podem ser filiadas à linhagem expressionista, que privilegiaria um equacionamento de impasses pessoasis pela via de uma esxcessiva gestualidade e de numa gritante dramaticidade de cores, traços, matérias.

Os desenhos de Marcia seguem outra trilha. Sensorialmenre muito atraentes, definem limites. Diante do escorrer das linhas, as cores parecem sustentar, mais abaixo, o que seria apenas uma verborragia plástica. E mesmo cores, individualmente, adquirem novos status, como o dourado, que pelo uso da artista,  não tem nada de valioso ou ostensivo. Analisados em conjunto, esses trabalhos  atestam a potencialidade contemporânea do desenho, ainda visto muitas vezes por olhares enviesados como gênero menor.

(destaque por minha parte)

Onde: MariAntonia – Centro Universitário da USP – Rua Maria Antonia  294 – GRATUITO

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